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Poupar, estocar, economizar

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Imagem de  Mihai Paraschiv  por  Pixabay   Já perdi a conta dos dias de quarentena. Já ri horrores das piadas, brasileiro é engraçado demais. Já pirei, já decidi que minha filha se formou, tosei a cachorra, fiz bolo, fiz cortina, assustei com o presidente, aplaudi o ministro, passo horas nas redes sociais, estou numa luta feroz contra as pulgas. Cursos online? Estou fazendo 3, um na minha área e outros dois em áreas que também me atraem. Estou lendo um livro que estava querendo, lavando roupa, fazendo tudo que envolve o dia a dia de uma família. A pandemia me pegou no pulo, entre empregos: saí de um e ia começar outro, estou suspensa no ar esperando os próximos capítulos, então nem estou de home office, estou de home home mesmo. Mas parece que estou muito atrás de todo mundo. Todo mundo está arrasando nessa quarentena, menos eu. As receitas já saíram dos cadernos, as fotos dos baús, os amigos perdidos reconectados, as igrejas online, as famílias sorridentes nas redes, to

Comer, Rezar, Amar - versão remediada (e com receita boa!)

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Ainda bem que não dá para fazer todo dia! Ontem à noite me deu uma vontade de comer uma coisa diferente e gostosa... Comecei a passear pelo Pinterest e aquele negócio lê pensamento, né? Fui entrando pelas camadas desse universo paralelo e encontrei a French Toast. Para quem não conhece, é uma prima sem graça da rabanada. Mas preparada com os acompanhamentos certos, é show de bola. Encontrei esse pin , com 22 receitas diferentes e comecei a babar. Encontrei uma receita com bacon - e bacon é vida - e informei que teríamos french toast no café da manhã. De manhã a Alice veio cedo confirmar a informação, e lá fui eu. Quando entrei no link da receita que escolhi, percebi que era um site de comidas dos sul dos Estados Unidos. Engana-se quem acha que a culinária americana se resume a fast food. Ela é muito rica e variada, e a "southern kitchen" é uma delícia. Foi nesse momento que tive um estalo: gente, eu vivi um Comer, Rezar, Amar e nunca me dei conta disso! Tá bo

A mulher que eu era

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Imagem do filme Cinderella.  Em Cinderella, a mãe ensina um segredo profundo, o fio que conduz a história da garotinha que perde sua vida estruturada e se torna órfã, sofre humilhação e abusos verbais da madrasta e suas novas irmãs durante anos, mas no final é recompensada por sua atitude diante da vida; um conto de fadas que poderia ser realidade para muitas outras Cinderelas. O segredo é: "seja bondosa e tenha coragem". Esse conselho aparentemente infantil é, na verdade, para poucos. Bondade e coragem são para os fortes. Essas palavras deveriam decorar o quarto de todas as crianças desse planeta, porque elas são as estratégias corretas para lutar com a vida, não importa como ela lute com você. A vida bate. Bate muito; é uma lutadora casca grossa que te empurra e provoca. Como você vai encarar? A luta é inevitável e a vida é implacável; tem que ter a estratégia certa. Para cada movimento da vida você tem que ser rápida em se adaptar. Quem luta achando que é Gabriela,

3 Garotinhas Contra a Tempestade Perfeita

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Era uma vez três garotinhas. As mais doces, obedientes, alegres e aventureiras que conheci. Elas topavam tudo, sem tempo ruim. As garotinhas foram crescendo e vivemos muitas aventuras juntas. Fomos ao Hopi Hari quantas vezes? Não sei. Foram crescendo, desabrochando, virando mulheres incríveis. Maduras, fortes, sem perder a doçura, a alegria e o espírito aventureiro. Se aventuraram pela vida com intensidade e sensibilidade. Uma vez dei a Natália e Mariana a incumbência de criar uma coreografia para a cantata de Natal. A música dizia: "coração de ouro, um coração refinado e moldado, lapidado com amor." A cara delas. A vida foi levando e sendo levada. Vieram tempestades. Não estou falando dessas que arrancam telhas, e sim das que arrancam casas inteiras do chão. De repente tinha menina caída pra todo lado, tipo cenário de filme-catástrofe. Elas levantaram e continuaram a vida. Doídas e profundamente feridas, continuaram andando sem perder a fé, a leveza e a alegria.
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Não, não foram dias fáceis. Na verdade, foi uma caminhada de dor. Quando tive a ideia de ensaiar uma cantata de Natal com minha galera, e dar a eles a oportunidade de sentir como é maravilhoso dar, sabia que não seria fácil, mas não sabia como seria a jornada. Nos últimos três meses o que vi foi a manifestação brutal da humanidade sem Deus. Um pai assassinado, ameaças de morte (não a mim, mas a um garoto de 11 anos), uma adolescente grávida perdida para o crack, tentativa de assassinato, agressão, acusação de estupro, roubo, drogas, drogas, e um pouco mais de drogas. Não era filme, era a rotina. É ainda. Se não fossem os anos de experiência com os planos totalmente improváveis que Deus coloca na minha cabeça, o dia de ontem não teria acontecido. Acho que não chegamos a ensaiar nem 15 vezes nesses 3 meses, e sempre foi no meio do caos, gente entrando e saindo, caindo e levantando, sofrendo. Tenho certeza que quem acompanhou e ficou junto até o fim sabia que eu só podia estar ven

Para Pedro, Fernanda e Patrícia

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Sexta-feira, duas e meia da tarde, meu whatsapp treme... " Tia Cla, chamaram toda a família lá no hospital, você leva a gente?" Terminei de engolir o que comia e fui. Um caminho tão conhecido, nem dá para contar quantas vezes fui até lá buscar e deixar duas meninas fofinhas, uma tímida e uma faladeira que só ela. Fomos a tantos lugares juntas, fizemos tantas coisas! Foram muitas risadas, muito amor espalhado, muitas crianças conhecendo a Jesus, a começar delas mesmas. Quando entraram no carro, aquelas duas jovens mulheres de repente viraram de novo minhas pequenas. Só que em vez de ir a algum lugar divertido, elas estavam indo se despedir do pai tão amado. Deus recolheu aquele pai para si, talvez no dia mais difícil de todos: foi sepultado no dia dos pais. A mãe delas me enchia de perguntas, chorando com e por suas crias. Sua pergunta mais insistente era: será que sou uma boa mãe? Sim, você é uma ótima mãe. A maneira como os filhos encararam a situação mostrou que os pai

Beleza Colateral

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Há um tempo Will Smith lançou um filme que foi detonadíssimo pela crítica: Collateral Beauty, traduzido como Beleza Oculta. Na tradução do título já ficou metade do sentido do filme. Caso você não tenha ouvido falar, é a história de um homem que perde a filha e fica bem pirado. Escreve cartas para o Amor, o Tempo e a Morte, que vêm responder pessoalmente. Como sempre acontece, se a crítica odeia, eu amo. O que a Morte, o Tempo e o Amor têm a dizer são pérolas preciosas. Mas a frase que dá o título ao filme não me sai da cabeça: "Certifique-se de perceber a beleza colateral". Essa frase quem ouve é a mãe de uma menina morrendo de câncer no quarto em frente. A beleza colateral. A beleza como efeito colateral da morte. Há beleza na morte? Na morte em si não vejo, mas quanta beleza vejo surgir a partir dela. Na natureza, a semente morre e nasce a planta. Na vida, as pessoas morrem e seus frutos aparecem. O processo de morte aproxima os vivos, restaura relacionamentos, dá u