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Mostrando postagens de janeiro, 2015

Dor no sangue

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Perder é uma dor. Em todos os níveis, e em qualquer situação, perder é uma dor. Eu não sou psicóloga mas acho que isso poderia ser tema de monografia. Pensando bem,  já deve existir, né? Já perdi avós, tios, primos e pessoas muito próximas e queridas. Compartilhei com muita gente sua dor, vi suas grandes perdas e sempre percebi que existia um nível de dor que ninguém conseguia alcançar, somente os pais, irmãos e filhos de quem se foi. Agora eu descobri esse nível. É o da dor no sangue. Esses não são os únicos que sofrem, choram e sentem dor, mas existe uma dor diferente para esse núcleo. A morte do meu pai dói no meu sangue, e essa dor só compartilha plenamente quem tem esse mesmo sangue, de pai e mãe. Graças a Deus que, em sua sabedoria, distribui níveis diferentes de dor. Nesses dias, meu marido, cunhados e cunhada sofreram muito, eu vi. Mas eles conseguiram cuidar de nós. Os cafés, pães e pizzas do Joel foram um carinho na nossa alma. Assim como o creme de palmito da Renata e a

Amputação

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Amputação é brutal. Não encontrei alguém que não ficasse abalado ao ouvir dizer "meu pai perdeu a perna direita". Uns choraram um choro solto e doído, outros se encolheram, outros ficaram catatônicos. Amputação é brutal. Mas também pode ser libertadora. Brutalmente libertadora. Há uma semana vi meu pai na UTI e tive certeza que era a última vez que o via. A infecção estava vencendo. Saí dali de luto, abalada e aos prantos, apenas esperando o telefone tocar, o peso da morte sobre meus ombros e agarrado ao meu coração. Algumas horas depois, tocou mesmo, para me avisar que iam amputar a perna dele. Foi um misto de choque e alívio, de dor e paz, uma anestesia na minha angústia. Imediatamente eu entendi que era a última chance do meu pai viver. Lembrando da aparência dele naquela tarde, eu orei e pedi ao Senhor que se fosse para passar por mais isso e não sobreviver, que ele não chegasse à cirurgia. Foi uma longa noite, esperando sempre o telefone tocar. Chegou a manhã, e ele a