Na Alegria e Na Tristeza

Domingo era para ter sido um dia muito feliz, e foi. Mas foi também um dia muito triste.
No almoço comemoramos uma vida, no jantar engolimos uma derrota.
A semana foi atribulada, com algumas idas com meu pai ao hospital, mas o domingo aparentemente seria um dia tranquilo, de festa, com a família e os amigos da minha mãe reunidos para comemorar seus 80 anos.
Aparentemente. De manhã, quando passei para ver o curativo do meu pai, percebi que não seria. Meia hora depois, um telefonema confirmaria que não seria mesmo. Havia uma grande infecção, e era urgente operar o papai. Era possível apenas esperar a festa acabar.
Eu estava decidida a não estragar a festa. Falei para o Rodrigo e segui em frente, decorando o salão e o bolo, totalmente destruída por dentro. Seria a décima terceira cirurgia do meu pai, no mesmo lugar. A palavra infecção doía nos meus ouvidos. Sérgio e Cristina souberam pelo médico, e Henrique pelo Rodrigo, e rolou a festa.
Quando meus pais entraram no salão eu tive que sair correndo para não desabar ali mesmo e acabar com tudo.
A festa aconteceu, e foi muito gostosa. A Andreia arrasando com seu buffet, os amigos, a família, as conversas e risadas...As horas mais longas da minha vida. E ainda era necessário que ele ficasse 8 horas de jejum antes de poder ser operado. Papai comeu até às 4 da tarde! Eu deixei, só pedindo a Deus que desse tempo.
Quando os convidados se foram, era hora de estragar a festa. Em questão de minutos o riso solto deu lugar ao choro compulsivo. Ao cansaço, à dor, à decepção e ao medo. Juntos, choramos e oramos ali mesmo, porque estamos juntos na alegria e na tristeza. Somos uma família, temos no meu pai e na minha mãe exemplo suficiente para ficarmos firmes em todo tempo, juntos e ajudando um ao outro.
Um dia eles prometeram estar juntos na alegria e na tristeza, e essa promessa se estende a nós.
Juntos temos passado por esses anos e juntos temos rido e sofrido. Acho que ainda não tínhamos chorado juntos como domingo.
Papai foi operado, fez a cirurgia da derrota. O calo ósseo que tanto desejamos foi tirado. Como entender isso? Como ir da vitória da retirada dos pinos à realidade de uma infecção perigosa sem perder as forças? Fomos jogados ao chão e amassados. Mas estamos juntos, na alegria e na tristeza. E junto também está o nosso Deus, que é paz quando não há condição de paz, que é força na nossa total fraqueza e que é coragem diante dos gigantes.
Na alegria e na tristeza, Deus é Deus. Por mais que eu não entenda, Ele sabe o que faz. E o que faz é sempre o melhor, ponto.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Quais são suas intenções com a minha filha?

Beleza Colateral

O DIA EM QUE EU VIREI GENTE GRANDE