Dor no sangue
Perder é uma dor. Em todos os níveis, e em qualquer situação, perder é uma dor. Eu não sou psicóloga mas acho que isso poderia ser tema de monografia. Pensando bem, já deve existir, né?
Já perdi avós, tios, primos e pessoas muito próximas e queridas. Compartilhei com muita gente sua dor, vi suas grandes perdas e sempre percebi que existia um nível de dor que ninguém conseguia alcançar, somente os pais, irmãos e filhos de quem se foi.
Agora eu descobri esse nível. É o da dor no sangue. Esses não são os únicos que sofrem, choram e sentem dor, mas existe uma dor diferente para esse núcleo.
A morte do meu pai dói no meu sangue, e essa dor só compartilha plenamente quem tem esse mesmo sangue, de pai e mãe.
Graças a Deus que, em sua sabedoria, distribui níveis diferentes de dor. Nesses dias, meu marido, cunhados e cunhada sofreram muito, eu vi. Mas eles conseguiram cuidar de nós. Os cafés, pães e pizzas do Joel foram um carinho na nossa alma. Assim como o creme de palmito da Renata e a paella do Rodrigo. E o que dizer do Sergio, engolindo sua dor e cercando a Claudia de todas as maneiras? Quem acompanhava a mamãe quando a gente não conseguia ou não podia? Eles!
Os netos também tem sua dor própria, mas não é a mesma coisa, e eles também conseguem manter um pouco de leveza e ajudar seus pais. Graças a Deus.
E o que dizer do mar de carinho que recebemos dos primos, tios e amigos da vida toda? Estavam todos doídos, mas de braços abertos para nos segurar e carregar.
Depois do culto, antes de irmos ao cemitério, minha mãe, eu e meus irmãos fomos envolvidos por um mar de carinho, íamos de braço em braço, de colo em colo. Apareceu água, apareceu lenço, e eu me sentia carregada. Ao lado do caixão, não o vimos ser tampado ou carregado para fora da igreja, a hora mais temida pela Cláudia.
A Bíblia diz que Deus colocou a eternidade no coração do homem, e por isso a morte nos dói tanto, essa ruptura, essa separação. Mas esse mesmo Deus providenciou cura para isso, nos oferecendo a vida eterna e, enquanto estamos nessa terra, um anestésico que vem dos corações que nos cercam e das lembranças boas, que no caso do meu pai invariavelmente nos fazem rir. Quantas vezes se ri em velório? No do meu pai, várias...
Essa dor no sangue é cruel, profunda. É um pedaço arrancado de nós. Mas agradeço a Deus pelo privilégio de senti-la. Significa, em primeiro lugar, que estou viva, e em segundo, que tive um pai. E que pai... Albiléo Trentino Ziller, um grande homem, que soube viver e amar. Foi feliz em todo tempo, independente das circunstâncias. Um homem segundo o coração de Deus.
Sua fé não era religiosa, era uma fé viva e pulsante, que transbordava em nós.
Que saudade deixou, e que dor em nossas veias. Estou contando os dias para ouvir de novo: "Oi, fia!"
De preferência seguido de uma piadinha.
Já perdi avós, tios, primos e pessoas muito próximas e queridas. Compartilhei com muita gente sua dor, vi suas grandes perdas e sempre percebi que existia um nível de dor que ninguém conseguia alcançar, somente os pais, irmãos e filhos de quem se foi.
Agora eu descobri esse nível. É o da dor no sangue. Esses não são os únicos que sofrem, choram e sentem dor, mas existe uma dor diferente para esse núcleo.
A morte do meu pai dói no meu sangue, e essa dor só compartilha plenamente quem tem esse mesmo sangue, de pai e mãe.
Graças a Deus que, em sua sabedoria, distribui níveis diferentes de dor. Nesses dias, meu marido, cunhados e cunhada sofreram muito, eu vi. Mas eles conseguiram cuidar de nós. Os cafés, pães e pizzas do Joel foram um carinho na nossa alma. Assim como o creme de palmito da Renata e a paella do Rodrigo. E o que dizer do Sergio, engolindo sua dor e cercando a Claudia de todas as maneiras? Quem acompanhava a mamãe quando a gente não conseguia ou não podia? Eles!
Os netos também tem sua dor própria, mas não é a mesma coisa, e eles também conseguem manter um pouco de leveza e ajudar seus pais. Graças a Deus.
E o que dizer do mar de carinho que recebemos dos primos, tios e amigos da vida toda? Estavam todos doídos, mas de braços abertos para nos segurar e carregar.
Depois do culto, antes de irmos ao cemitério, minha mãe, eu e meus irmãos fomos envolvidos por um mar de carinho, íamos de braço em braço, de colo em colo. Apareceu água, apareceu lenço, e eu me sentia carregada. Ao lado do caixão, não o vimos ser tampado ou carregado para fora da igreja, a hora mais temida pela Cláudia.
A Bíblia diz que Deus colocou a eternidade no coração do homem, e por isso a morte nos dói tanto, essa ruptura, essa separação. Mas esse mesmo Deus providenciou cura para isso, nos oferecendo a vida eterna e, enquanto estamos nessa terra, um anestésico que vem dos corações que nos cercam e das lembranças boas, que no caso do meu pai invariavelmente nos fazem rir. Quantas vezes se ri em velório? No do meu pai, várias...
Essa dor no sangue é cruel, profunda. É um pedaço arrancado de nós. Mas agradeço a Deus pelo privilégio de senti-la. Significa, em primeiro lugar, que estou viva, e em segundo, que tive um pai. E que pai... Albiléo Trentino Ziller, um grande homem, que soube viver e amar. Foi feliz em todo tempo, independente das circunstâncias. Um homem segundo o coração de Deus.
Sua fé não era religiosa, era uma fé viva e pulsante, que transbordava em nós.
Que saudade deixou, e que dor em nossas veias. Estou contando os dias para ouvir de novo: "Oi, fia!"
De preferência seguido de uma piadinha.
Comentários