3 Garotinhas Contra a Tempestade Perfeita





Era uma vez três garotinhas. As mais doces, obedientes, alegres e aventureiras que conheci. Elas topavam tudo, sem tempo ruim. As garotinhas foram crescendo e vivemos muitas aventuras juntas. Fomos ao Hopi Hari quantas vezes? Não sei.

Foram crescendo, desabrochando, virando mulheres incríveis. Maduras, fortes, sem perder a doçura, a alegria e o espírito aventureiro. Se aventuraram pela vida com intensidade e sensibilidade. Uma vez dei a Natália e Mariana a incumbência de criar uma coreografia para a cantata de Natal. A música dizia: "coração de ouro, um coração refinado e moldado, lapidado com amor." A cara delas.

A vida foi levando e sendo levada. Vieram tempestades. Não estou falando dessas que arrancam telhas, e sim das que arrancam casas inteiras do chão. De repente tinha menina caída pra todo lado, tipo cenário de filme-catástrofe.

Elas levantaram e continuaram a vida. Doídas e profundamente feridas, continuaram andando sem perder a fé, a leveza e a alegria. Quem vê cara realmente não vê coração, porque olhando para elas era impossível imaginar suas feridas.

Mas ainda tinha mais para vir. De repente, a família entrou no universo do câncer. Primeiro a Mari. Lutou como viveu: sem perder a fé, a leveza e a alegria. Depois a Natália. Uma luta ainda mais longa e mais intensa, com mais fé, mais leveza e mais alegria. E então, aquela família de 3 lindas garotinhas virou a família de uma garotinha só. Como explicar? Como entender? Seria isso uma das confirmações da existência da Lei de Murphy?

Não há respostas fáceis, talvez nem difíceis, mas essas garotinhas nos levaram a expandir e ampliar nossa fé, a desafiar o impossível e aprofundar nossas raízes. Resisto à vontade de dizer aos que ficaram que vai ficar tudo bem, isso parece muito vazio e sem sentido nesse momento. Mas a verdade é que vai. Tudo tem um propósito, e daqui a algum tempo vamos olhar para trás e entender, maravilhados, que Deus pode transformar até esse horror em algo maravilhoso.

E àquela pergunta que arde no coração: "como Deus pode deixar acontecer uma coisa assim com pessoas tão boas?", respondo com outra pergunta: "como poderiam passar por isso se não fosse no colo de Deus?"

Hoje o coração sangra, a dor atravessa suas almas, embaça a visão e faz a esperança e a fé na vida tropeçarem, o que é natural;  só que nada nessa família é natural, é sempre sobrenatural. É muito estranho isso, tudo tem ao mesmo tempo tristeza e alegria, desespero e certeza, questionamentos e respostas, morte e MUITA vida, em todas as suas extensões e emoções, vivida cheia de fé, esperança e amor. Me sinto pequena diante deles: pai, mãe, irmã e maridos/cunhados, os sobreviventes de uma "tempestade perfeita."

Hoje entendi o que quer dizer: "agora porém, permanecem a fé, a esperança e o amor; porém o maior destes é o amor". Fé e esperança não foram suficientes para manter Naty e Mari vivas, mas o amor certamente é. O amor de Deus as alcançou e transportou do reino das trevas para o reino Dele, e esse mesmo amor mantém essas garotas vivas e pulsantes dentro de nós. Por causa do amor redentor de Jesus Cristo ouço as vozes de quem ficou, mesmo embargadas de choro e dor dizerem: "a gente se vê na eternidade."

As 3 garotinhas venceram a tempestade perfeita com coragem e beleza. O trio de irmãs mais lindas que conheci, amigas e grudadas, aprenderam a compartilhar amor e dor como poucas pessoas poderão fazer. Elas venceram porque um dia vão se encontrar de novo, e quando isso acontecer, será para sempre, onde não há tempestades, apenas Amor Perfeito.





Comentários

Unknown disse…
Como é inacreditável acredita,que elas partiram 😢conheci, conviver com elas em momento , família, comemorações, conheço todos da família, e muito triste 😢 meninas lindas, educadas, fofas,humanas, corações lindo ❤️ por fora por dentro
Tive o prazer de conhecê-las... quando soube, não acreditei,que meninas incríveis, adorava ajudar as pessoas, sempre cordial, resumindo, pessoas maravilhosas.
Mas que fazer, se Deus precisou dos sorrisos delas

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