Pega a caneta e começa o diário!

Você faz diário?
Essa pergunta era recorrente entre as meninas quando eu era criança/adolescente. E nós fazíamos, ao melhor modelo Luluzinha: "Querido diário....
Depois de uma certa idade ficava ridículo. Aí a gente passava a fazer "agenda". A agenda tinha tudo, menos qualquer coisa relacionada a estudos ou compromisso. Quanto mais grossa de coisinhas coladas, melhor. Ah, e para ficar mais legal, você tinha que ter código. Um alfabeto seu, para escrever os segredos escabrosos. Eu tinha o meu código e um em comum com a Dani Hora. Gente, como cabe coisa dentro de um cérebro!
A agenda aos poucos foi ficando mais adulta, e hoje não passa de uma agenda. Eu nunca mais registrei meus pensamentos.
Até que em 2000, quando minha vó querida faleceu, minha tia encontrou os diários do meu avô. Diários que ele escreveu para que os filhos e netos pudessem saber quem ele era. Depois de um trabalho cuidadoso dos meus tios e primos, chegou às minhas mãos um exemplar do "Memorial de um pastor".
Eu não conheci nenhum dos meu dois avôs, mas sabia bem da história do meu avô João Ziller. Lindíssima, por sinal. Mas do meu avô Synval eu sabia pouquíssimo.
Aquele livro foi uma viagem emocional para mim. Conheci meu avô e me apaixonei por ele. O diário começou com ele ainda muito jovem, entrando no seminário, e seu objetivo já era que seus netos o conhecessem. Eu fiquei brava com ele, paquerava todo mundo! Me encantei com a história de amor dele e da vovó, parecia filme. E tudo tão simples, tão sincero, tão profundo!
Ri muito, chorei muito, me encontrei em tantas palavras e atitudes, me  perdi no seu amor incondicional por Deus, foi uma revolução em mim. Teve um dia que eu perguntei para a minha mãe, como se tivesse 3 anos de idade: "será que quando eu encontrar o vovô no céu ele vai gostar de mim?" E confesso que ainda agora esse pensamento enche meus olhos d'água. Será que vai?
Depois disso, comecei a escrever também. Escrever um blog é legal, mas você não coloca seu coração aberto aqui. Você fala sobre algumas coisas, sobre suas ideias, mas é limitado. Além disso, um simples apertar de botão errado, ou um virus, acabou tudo. Papel também acaba, mas não tão fácil.
Tenho vários volumes de diários. Tenho caderninhos, tenho tantas coisas...Eu quero que meus descendentes possam se achar, saber de onde vieram. Quero eu mesma, lá na frente, folhear tantas páginas e reconstruir a tapeçaria da minha vida.
Não pense que sua vida não é interessante para ninguém. Você pode não ser uma celebridade e ter uma vida absolutamente normal, como eu e o vovô, mas você vai ser sempre a heroína ou o heroi de alguém. Deixe o seu legado.
Pegue já a caneta, coloque o coração nela, e solte sua franga. Acima de tudo, é muito bom poder voltar e poder rever as coisas boas quando as ruins querem te afogar num mar de desesperança. Escreva o que te faz rir e o que te faz chorar. A sua vida é cheia de cores, coloque-as no papel!



Comentários

Unknown disse…
Eu tenho diário... Não escrevo todo dia, mas escrevo com certa regularidade. Uma ideia boa também é ter um caderno para anotar os sermões que a gente ouve. Tenho desse também, com cada preciosidade!!!!!!!

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