Por toda a minha vida, eu vou te amar...

Algumas pessoas nunca saem da nossa vida, mesmo que não estejam fisicamente presentes.
Aos 18 anos, tive o privilegio de passar 6 meses morando em Asheboro,NC, com um casal inacreditável. Paul e Sylvia Trollinger, meus pais americanos. como bem disse minha irmã Claudia Ziller em seu post, às vezes temos mais de uma mãe, e mais de um pai também.
Os 6 meses que passei lá valeram por uma vida. Foi um tempo de experimentar, ser curada, crescer, aproveitar. Paul e Sylvia me apresentaram uma vida que aprendi a amar.
Cidade mais pacata não poderia haver, mas mesmo uma adolescente inquieta e "social" como eu era não tinha opção senão amar aquele jeito "redneck" de ser.
O que mais me marcou foi a fé deles. Sylvia era radical e passional, passei alguns momentos embaraçosos com ela, como quando tive que marchar 7 vezes em volta da cadeira da vó Trollinger para espantar as moscas. Detalhe: na praia. As moscas não foram embora, e eu culpo minha falta de fé! Paul era mais sereno e tranquilo, mas um empolgado com as coisas espirituais. Ele admirava os homens e mulheres de fé. O maior elogio que ele fazia a alguém era chamar a pessoa de "strong man/woman of God".
Meu tempo lá acabou, voltei para minha terra, mas eles nunca saíram do meu coração. Nos encontramos 2 vezes, a última em 1994. Em 1998, Sylvia faleceu em decorrência de um tumor no cérebro.
Dois anos depois voltei a Asheboro, e foi muito doído. Paul sozinho naquela casa, com jeitinho de abandono. Quando conversamos ele disse que até o último suspiro da Sylvia ele tinha certeza que ela seria curada. Perguntei como ficou a fé dele depois disso e ele me olhou com os olhos doces dele e disse:"Deus continua Deus". Aquilo falou no fundo da minha alma, nunca mais esqueci aquele momento.
Essa foi a última vez que nos encontramos fisicamente.
Depois disso, nos falamos por email, skype e Facebook. Em novembro ele me mandou um email, e o que ele disse me emocionou então, e me faz chorar agora.
Ele disse que eu era sua filha na fé, sua bela filha brasileira, e que meu coração generoso o encantava. Que ele louvava a Deus pela "strong woman of God" que eu tinha me tornado, e como ele ficava feliz só de olhar meu facebook.
Respondi feliz ao email, e quando ele me retornou, contou que estava com câncer. Anteontem o Senhor o tomou para si, de maneira doce e bela, como ele merecia.
Não posso negar minha tristeza, apesar de saber onde ele está e que em breve nos encontraremos de novo.
Mas quero deixar registrado o meu amor pelo meu pai Paul Trollinger. Por toda a minha vida eu sei que vou te amar...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poupar, estocar, economizar

A mulher que eu era

Família é tudo igual...