Paquistanenglish

Estivemos em New York com uma parte do grupo antes de ir para Orlando agora em janeiro. Eu fui para Orlando na noite anterior para providenciar algumas coisa, e vivi um momento insólito.
Mesmo depois de conferir mil vezes, fui para o aeroporto de La Guardia (graças a Deus o menos longe) com o passaporte da Alice, enquanto o meu ficou bem guardadinho no cofre do hotel. Graças a Deus - de novo - , fui para o aeroporto com MUITA antecedência, e quando vi a burrada, dava tempo de consertar.
Mas, e agora? Grana curta e medo do trânsito: melhor ir de metrô. Uma gripe fortíssima: melhor ir de táxi. Eu simplesmente não ia conseguir ir de metrô. Estava fraca e muito indisposta. Decidi pelo taxi, mesmo muito mais caro.
Consegui fazer meu check in com a carteira de motorista, e saí procurando um taxi. Achei um, com um motoristas com cara de indiano, e perguntei se me levaria. Contei minha história e ele se prontificou a ir e voltar. Só que eu só tinha 5 minutos para entrar no hotel, chegar no quarto, trocar os passaportes e voltar (quase morri, mas fiz em 4).
Graças a Deus perguntei de onde ele era, e não se era indiano, porque pasquitaneses e indianos se odeiam, e ele era paquistanês. Ponto para mim por não perguntar se era indiano.
Ganhei outro ponto ao ver que ele se chamava Mohammad e comentar: "Mohammad, como o profeta..."(Maomé) E ele, com muito orgulho: "filho dele!"
Mas a conversa não fluía, ele não me entendia! De repente, tive uma ideia brilhante: em vez de me esforçar para falar um inglês caprichado, comecei a falar igual aos indianos, principalmente o R. Eles não falam o R enrolado à la goianês. Eles falam R de meio de palavra, como minha vó, do interior de São Paulo, falava. Ela praticamente falava "aroz", e não arroz. E foi uma brilhante ideia, ele passou a entender tudo!
E eu agora sei que as escolas públicas no Paquistão são péssimas, e uma escola particular custa 2.000 dólares por mês. Coitado dele que tem 4 filhos lá!
Sei que a corrupção é absurda, que ele passa 6 meses em NY e seis meses com a família no Paquistão. Só não consegui entender a conta dele ao dizer que trazer a família para NY fica muito caro, não tem como sustentá-los. Cá entre nós, fiquei achando que ele prefere mulher e filhos lá e ele cá... Mas aí eu estou julgando mesmo.
Foi uma aventura, ele cortou caminho por uns lugares onde só me restou pedir a Deus para ele ser uma pessoa bem intencionada. E era. Como eu disse a ele, foi um anjo que Deus mandou para me socorrer.
Achei muito divertida a oportunidade de falar um "paquistanenglish" e conhecer um pouquinho de um país e de uma pessoa, que assim como eu, crê no Deus Criador. Já tem um tempinho que decidi procurar o que me aproxima das pessoas, e não o que me diferencia delas.
E quem sabe o que eu falei não era exatamente o que ele precisava ouvir?

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